ventana e tombadilho

Habitando o mais distante dos meus dias está o vão do tempo entre nossos olhares; sorrisos distantes e mãos mais ainda. Deitei o braço cansado sobre o braço do sofá sentindo o descanso da solidão, coisa de quem se sente alheio até mesmo no seio familiar, afastado de coração, mobília fora de lugar no contexto de alguém cuja organização é perfeccionista.
Da janela, a tarde também se deitava e as memórias avançavam: tal é a água que cobre a ilha no fim do dia e eu afundo. Tudo cabe nesse breve espaço de sentimento cansado e perdido aos poucos. Penso residir nisso a tardia maturidade, em não abandonar o oco sentido de perguntas sem fim. Empecilho dos demasiado sensíveis: eles mesmos.
Mais um momento, e a estranheza própria. Mas eu não sei bem conviver com estranhos, então mergulho a descobrir novamente. O vão se abre mais um vez sobre o crepúsculo.
Quando amanhecerá? Aliviada por isso não depender de mim. Não determino meus passos.