Bebê Borgiano

Tu me dás um filho
e também tua mão estendida
e caio nela
em teus braços comedidos
tu e o mundo
cancela aberta
anelo pequeno, semente
girassol, dolce far niente.

áspero retorno
dançam flores e mãos
e agora nariz
com teu bico teimoso
correndo tu choras
e te abraço.

antigo tempo
inscrito da pele
se forma um de nós
e nos entrelaça para sempre
e tu revives.

desenho de areia

olha e vê
que eu te desenhava entre lírios e sol
teu pano de fundo era céu
no tempo do sonho moravas em mim
último verso meu

mas logo te animas tal
qual pássaro
e voas como sobe a alvorada
teu dia é há muito pleno
e eu descanso os olhos no teu brilho

Enquanto tu me cercas
na surpresa da rara chuva doce
canto singelo de tuas palavras:
teus passos
longínquo, uma miragem
tu desces à falésia
e as ondas batem o teu adeus
então desperto.